As aventuras de João Brasiliano apresenta: O Dispositivo

As aventuras de João Brasiliano apresenta:

O Dispositivo

“Sorocaba 4 de setembro de 2008. Exatamente... às 14 horas e 30 minutos o doutor em ciências Ubert Brasiliano se mostra ansioso em fazer a proposta a seu sublinho João Brasiliano.” Mensagem postada no site Basílio Bud.

Comentários postados em exatamente às 15 horas por Brison Átalo médico e psiquiatra que atualmente leciona sociologia em três escolas particulares mais bem conceituadas da cidade de Sorocaba e região.

“Excelente passo caro colega ‘Hubert Arquimedes’ eu como os demais colegas desse site de relacionamento estamos ansiosos para ter em mãos um elaborado relatório de sua pesquisa. Faço desde já duas indagações que encabeçara outras mais indagações, tanto minhas como dos nossos colegas: qual a finalidade da pesquisa? Quais resultados procura obter com os testes em campos?”

- Você quer fazer experiências comigo. Não foi suficiente a que fez quando eu era adolescente.

Ubert riu, coçou a cabeça e com um estranho brilho nos olhos tentou se explicar e disse ao sobrinho.

- Não de lugares aos efeitos de seu trauma meu sobrinho. Você é meu sobrinho, e sei que por esse fato corre aí dentro de você um gene igual ou mais elevado do que o meu.

- Por que o senhor não faz experimentos como os seus colegas. Não tem um rato específico e perfeito para a sua experiência em seu laboratório?

- Ter eu tenho. Mas veja bem querido sobrinho, não quero ficar preso a uma sala e aos resultados que virão a coexistir nesse perímetro e...

- Você quer ter outro tipo de campo de....

-Esse é o espírito! Não quero estudar os efeitos colaterais e êxitos entre quatro paredes. Quero ir além!- disse Ubert entusiasmado, João sorria ao ver o entusiasmo do tio.

- E por que eu e não algum dos gêmeos gênios?

- Sei que em você há um gene igual ao meu. Sabe quero revolucionar a...

-Todos os cientistas querem o mesmo que você tio.

Ubert olhou para a tela de seu leitor eletrônico e leu o título do artigo que acabara de ler antes de João entrar em seu cubículo quarto de hotel. “Os genes que ainda não existem. Um dos muitos desafios lançados a ciência de hoje.”

Olhou para o sobrinho e deu seu sorriso costumeiro que sempre revelava uma ideia genial que lhe ocorrera. João deus duas seguidas piscadelas, estava surpreso.

-Uma noite dessas fui visitar seu pai. – João acenou a cabeça como sinal de que sabia, Ubert continuou. – Seu pai comentou que você está prestes a ingressar em algum curso superior.

-Seu pai disse que está preocupado, pois você não foi muito bem ao Exame Nacional do Ensino Médio, e que as notas do exame não dá lhe grandes garantias em granjear uma bolsa universitária. Seu pai pediu-me para ajudá-lo a estudar para o vestibular.

João respirou fundo, um sinal de que estava ficando entediado com a conversa com seu tio. Quando ia principiar palavras de despedida seu tio o surpreendeu.

- Conheço você João se quisesse estudar comigo teria me procurado antes de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio. Mas ofereço a você a minha única opção. Bem diferente e mais atraente do que a sugestão de seu pai.

-Espero que diga um sim. Sei que está inclinado a dizer não. Não quero que mergulhe numa vida de adulto como um pessimista e derrotado.

Ubert colocou as mãos no bolso de seu jaleco branco e retirou uma pequenina caixa que trouxe uma lembrança a João.

-Fique tranqüilo sobrinho. Aqui dentro não há aquele chip da sua adolescência. Enviei o chip para a NASA. Não é um chip e sim um pequeno dispositivo.

- Desculpe tio, mas vai direto ao assunto. Você não é bom em politicagem.

-Você está correto nobre colega. –disse Ubert tentando descontrair o ambiente, mas João apenas o olhou nem sequer sorriu.

-Não gostou da brincadeira né?

- Não. Respondeu João secamente.

 - Bom, olhe. – disse Ubert estendendo a pequena caixa para o sobrinho. – Pode abrir. Esse dispositivo... Hã, pretendo implantá-lo em seu cérebro.

João olhou para o tio quando ia falar algo em seu favor Ubert prosseguiu falando assim não deu chance para que o ouvinte protestasse.

- Não se assuste. Você será submetido a uma cirurgia supervisionada pelo neurocirurgião Branco Akill um amigo de velha data. Ele está muito bem familiarizado com os meus trabalhos.

-Então esse americano está acostumado com a sua maluquice. –disse João enquanto com uma pinça segurava e olhava para o dispositivo. Ubert não tirava os olhos do dispositivo. –Fique tranqüilo tio, não vou derrubar seu filho. Para mim o dispositivo é um chip.

-Pode até ser. Mas o chamo de dispositivo por q...

-Sei, todos tem o motivo de colocarem um nome em suas invenções não é Hubert Arquimedes.

-Agora venha aqui- disse Ubert iniciando o computador- Vou mostrar a você como será a cirurgia e a pesquisa que farei e os testes que farei com você uma vez que a cirurgia for bem sucedida.

João se aproximou do computador. A tela plana foi invadida por um vídeo que estava no rodapé minimizado. O vídeo simulava a cirurgia que João seria submetido. João olhou atento enquanto ouvia as longas explicações com ênfase desnecessária que Ubert dizia na tentativa de deixar seu projeto mais interessante.

-Então o projeto é tecnológico?

Ubert acenou com a cabeça enquanto bebia água.

-O senhor espera revolucionar o mercado tecnológico?

- Não apenas isso João. Como lhe expliquei quero revolucionar a vida da humanidade em seus prós e contras.

João começou a se interessar. Era um ótimo projeto considerou. Deixando as brincadeiras a parte, considerou um projeto revolucionário.

Ubert levou o sobrinho até a porta e antes de despedi-lo disse:

- Bom, aconselho que você vá a sua casa e pense no meu convite. Antes que você diga a sua resposta quero falar que esse projeto tem em si a cultura filantrópica. Leve em conta o conhecimento de TI que irá auxiliá-lo nessa nova viela da vida que você vê a frente. Você é jovem e esperto, estou muito animado, você será o primeiro João e deverá ser o último. Faça diferença e mude sua geração pra melhor.

Fazia exatamente três horas que havia despedido João. E por muitas vezes assistira a cirurgia simulada no seu computador.

Abriu a página minimizada de seu Orkut e surpreso se deparou com uma mensagem de seu sobrinho João Brasiliano. A resposta o deixara entusiasmado e num site de conversa instantânea a pequena janela brilhava sinal que alguma pessoa queria conversar com ele. Maximizou a janela e viu a foto do neurocirurgião Branco Akill.

Branco disse:

“Então... antes de tudo boa noite. Seu sobrinho aceitou o convite?”

Ubert digitou um sim com tanto gosto que se surpreendeu.

“Creio que o amigo Arquimedes está muito animado. Fico feliz por você.”

Ubert sorriu e digitou:

“Então confirmaremos a cirurgia para a próxima sexta?”

“Exato caro amigo.” Digitou Branco. “O amigo deverá preparar o garoto psicologicamente.”

“Tranqüilize-se Branco, eu é que devo estar ansioso ou até mesmo apreensivo. O europeu naturalizado brasileiro Bruno Akilah irá cuidar desta parte.”

“Rsrsrs... Fico mais tranqüilo amigo. Ouvi dizer que o tal Akilah é um ótimo profissional.”

“gostei muito de ter teclado com você, mas vou desligar. Tenho uma resenha me esperando. É a respeito de uma palestra das cirurgias plásticas mais feitas. Outra hora teclo com você. Se cuida.”

- Você fez a coisa certa Arquimedes. –disse Bruno Akilah.

- O senhor acha mesmo? Disse Ubert ainda com certa incerteza na voz.

- Não se preocupe. Tenho a certeza que você escolheu a pessoa certa. –disse o psicólogo querendo tranqüilizar Brasiliano.

- Vendo por outro prisma parece mais um reality. Um reality feito apenas para cientistas. –Ubert ensaiou um sorriso e o psicólogo tomou um gole do café e depositou a xícara em cima de um guardanapo que substituía um descanso de copo ausente.

- João foi à escolha perfeita por estar na atual idade de constante mudança de um ser humano. Essa escolha sua servirá como um amparo na vida futura do jovem. Quem sabe os resultados sejam além dos esperados. Não apenas abrangera os resultados científicos e filantrópicos, terá para mim, uma grande interferência em outras áreas que nem ousamos mencionar.

Ubert sorriu, aos poucos estava sendo tranqüilizado por palavras brandas de um ótimo psicólogo, para ele ser rodeado por amigos competentes e ótimos profissionais tornava as mais variadas cartelas de tarjas pretas obsoletas.

- Inclusive faz exatamente seis horas que conversei com seu sobrinho. João é um jovem bem centrado. Achei o rapaz muito além do que os jovens desta geração. Com ele na jogada estamos apostando caro no Brasil. Será que o sobrenome de sua família tem algo a ver? Ubert sorriu, olhou em volta e estendeu o braço na intenção de espreguiçar. Quando fez o movimento seus braços chegaram a atrapalhar a passagem de um casal de adolescente “calma aí tio” disse o jovem desviando dos braços estendidos de Ubert que murmurou um audível “desculpe”. O psicólogo Bruno sorriu ao ver a cena.

-Está é a intenção. Conhecendo meu sobrinho estou certo que ele tentará atingir muitas pessoas com a ‘inteligência artificial’ que será implantada em seu cérebro.

Bruno sorriu e Ubert pôde ver um sinal de entusiasmo nos olhos azuis do psicólogo. A pergunta que se seguiria iria lhe dar essa certeza da breve sensação tida na ótica do amigo.

- O que realmente é esta pesquisa que já se inicia em campo? Por que não faz num lugar próprio para isso? E como vai se organizar e administrar sob o prisma dos prós e contras.

- Essa é a melhor parte. Ele será monitorado diariamente através da tecnologia proveniente da TI.

- Hum, interessante. É mais um dispositivo flex que será implantado a cima dos neurônios de João?

- Exatamente. Graças à nanotecnologia possuímos hoje grandes meios para facilitar a pesquisa de campo. Após a cirurgia entregaremos a João algumas coisas como um celular 3G para facilitar o acompanhamento. Estamos prestes a concluir os últimos preparativos e...

- Desculpe interrompê-lo Arquimedes. Mais uma coisa...

- Diga. –disse Ubert tranquilamente tentando não perder o raciocínio.

- Como irá monitorá-lo sei que vai ser através da Tecnologia de Informação, mas ele deverá ir até seu laboratório continua...

- Não será preciso. Não queremos interromper o cotidiano de meu sobrinho. Por isso fiz com a ajuda de outros especialistas na área um dispositivo flex, ou seja, multifuncional ou se preferir de multiuso.

- Para que você possa compreender melhor será uma pesquisa crônica. Não queremos simulações e sim um cotidiano veraz.

- Compreendi. –disse Bruno entusiasmado. E o que realmente o dispositivo fará? Sabe tentei explicar para o jovem, mas me perdi nas muitas perguntas que seu sobrinho me fez após uma frustrante explicação.

Ubert sorriu compreensivo.

- O dispositivo irá enviar ao seu cérebro algumas informações respectivas ao assunto que estará sendo lecionado na sala de aula ou por outro meio de petição.

- Como assim petição?

Fazia doze horas que João Brasiliano havia sido submetido à cirurgia e estava frente a frente com seu tio Ubert Brasiliano o genial neurologista Branco Akill e o excêntrico psicólogo Bruno Akilah. Tomava um chocolate quente.

- Desculpe João. –Ubert se desculpou e seus dois colegas sorriam intrigados. A petição seria outra ocasião como ler um jornal ou uma revista.

- Dentro de algumas horas você irá compreender. O dispositivo é praticamente um computador implantado em seu cérebro e...

 - Aaah!... Agora sim. –disseram João, Bruno e Branco de uma só vez. E João disse: - Agora está explicado. Você implantou em mim um computador um pouco maior que uma formiga. –Bruno sorriu.

Ubert sorriu diante dos três e continuou para que não perdesse o raciocínio.

-Agora que já sabe a função do dispositivo você devera ser submetido por vinte e quatro horas por dia a informações enviadas pelo dispositivo aos seus neurônios. E não Bruno, João não será dono de uma inteligência artificial. Ele absorverá as informações como se fossem conhecimentos de um curso integral.

-Os fãs de ficção científicas irão adorar quando as imagens bombarem na web. –disse João olhando para Bruno que já tinha um sorriso no canto da boca.

-De maneira nenhuma irá ser postada na web a cirurgia que foi simulada e toda a imagem que obteremos através deste projeto. –disse Ubert para os três.

Olhando para Bruno perguntou:

- Será necessário submetê-lo a mais uma seção?

-Pelo que vejo informalmente e formalmente não será preciso, enfatizo novamente, que seu sobrinho é bem centrado.

- E foi um prazer conhecer vocês Branco e João. Agora me vou, pegarei a estrada em breve para voltar ao Rio de Janeiro. –estendendo a mão se despediu de João e depois de Branco. Quando se aproximou de Ubert este sorriu e abraçou-o e disse ao cientista Arquimedes.  –Bom estarei esperando que você envie noticias atualizadas conforme o progresso de sua pesquisa. Agora adeus e até mais.

“O projeto e seus êxitos foram excelentes. O voluntário João Brasiliano após dois anos o tempo que durou o projeto e a pesquisa de campo opinou em continuar a usar o dispositivo. O conhecimento passado para seus neurônios foram totalmente aceitos por seu adaptador cerebral. O micro chip assim chamado pelos especialistas da NASA está em posse da mesma. Mas o dispositivo oficial e não o genérico está sendo monitorado continuamente pelo meu micro computador.

Agora me preparo para outra pesquisa que revolucionará a humanidade.

Estou muito entusiasmado. Espero “que O Dispositivo me dê o Prêmio Nobel.”